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Se você já “conversou” com o ChatGPT ou outra ferramenta semelhante, pode ter achado, em um primeiro momento, que se trata de uma tecnologia quase mágica.
Como é possível que uma máquina entenda perguntas feitas por humanos, interprete seu conteúdo e responda com informações estruturadas e em linguagem humana, em questão de segundos, com evolução constante na qualidade das respostas?
Essa percepção de algo quase “sobrenatural” não é por acaso.
Sam Altman, CEO da empresa responsável pela tecnologia, a OpenAI, faz uso de termos como esse para descrever seus produtos.
Em um vídeo de apresentação da ferramenta de conversa por voz com o ChatGPT, uma porta-voz da empresa afirmou: “isso parece tão mágico, é maravilhoso.”
Mas o sucesso comercial da OpenAI não vem do além.
Está ligado, em boa parte, com a exploração de pessoas e recursos naturais bastante reais, envolvendo cadeias produtivas complexas e opacas, que terceirizam responsabilidades e exploram desigualdades estruturais.
Quem diz isso é Karen Hao, autora do livro Empire of AI (Império da IA, ainda sem edição no Brasil), lançado em maio, em entrevista cedida à BBC News Brasil em sua sede, em Londres.
A autora realizou cerca de 300 entrevistas, que ajudam a destrinchar o impacto global da empresa por trás do chatbot mais famoso do mundo.
Mais do que ouvir executivos, Karen Hao se dedicou a investigar os impactos da OpenAI fora do Vale do Silício, como a crescente demanda por data centers, infraestrutura essencial para processar os bilhões de dados usados no treinamento e operação de sistemas como o ChatGPT, e que consomem milhões de litros de água e enormes quantidades de energia.
“Essas empresas lucram mais, se enriquecem mais, quando há um crescente burburinho em torno da tecnologia e quando há a percepção de que a IA é mágica”, disse ela à BBC News Brasil.
“Não é tão emocionante quando os consumidores estão usando uma tecnologia que sabem que envolve exploração de mão de obra.”
Hao investigou a contratação indireta de milhares de trabalhadores precarizados, expostos ao pior tipo de conteúdo da internet para treinar os filtros da ferramenta.
Para isso, viajou do Quênia à Colombia e entrevistou pessoas que, em um cenário de crise econômica, aceitaram trabalhar nesse mercado de anotação de dados para a indústria de IA.
Foi também ao Chile, onde conheceu ativistas preocupados com o aumento de data centers e o crescente consumo de recursos hídricos.
O “império” que dá título ao livro está ligado a essas relações de exploração econômica e à concentração de poder.
“Precisamos pensar nessas empresas como novas formas de império. Elas ganharam uma quantidade extraordinária de poder político e econômico, a ponto de praticamente não existir mais nenhuma força superior no mundo capaz de conter seu crescimento ou interesses próprios.”, disse.
Matéria Completa – https://www.bbc.com/portuguese/articles/clyg436kmr3o